quinta-feira, 14 de outubro de 2010

dia 9 - 14 de Outubro - we are bored

Escrevo-vos ao som de Murat Kekilli, um artista turco de canções que me parecem românticas, apesar de não perceber nada do que ele diz!

Hoje tive uma manhã WAX ON, WAX OFF.
Qualquer pessoa da minha geração e arredores sabe do que estou a falar, do Mr Myagi e das suas aulas com o Karaté Kid. Aquele filme conseguiu marcar-me com uma explicação tão simples acerca dos hábitos rústicos que deram origem ao karaté. Desde sempre que senti que trabalhar madeira e outros trabalhos manuais nos ensinam imensa coisa.

Mas, de volta ao trabalho...

Hoje foi dia de rebaixar o corpo do instrumento para colar o tampo.

Depois disso pus-me a lixar o exterior da caixa de ressonância, e aqui sim: WAX ON, WAX OFF. No filme Karaté Kid, o velho mestre japonês ensinava o puto americano a lutar Karaté pondo-o a engraxar móveis, pintar a vedação do jardim e assim ensinava-lhe a parte espiritual e coreográfica desta arte marcial (eu sei que quase todos sabem mas para os cotas que me lêm tem de ser).
Estive cerca de 2 horas a lixar, a lixar, a lixar. O que para o comum dos mortais é uma valente seca, para mim foi um prazer, fui buscar o ipod por causa do barulho dos 3 berbequins que trabalhavam ao mesmo tempo e estive ali na companhia de Prodigy e Quadrilha a aperfeiçoar a madeira.
No dia em que comecei o instrumento era este trabalho mas em bruto, com uma grosa, nesse dia quando dei por mim estava a dar ao instrumento a forma de uma mama. Todo entusiasmado fui mostrar ao Sr Costa e ele imediatamente agarrou no meu projecto de Baglamas e desbastou-o. Nesta altura ainda não falava grego comigo...
Hoje, quando dei por mim a mama tinha reaparecido, ehehehe. Desculpem-me este momento mas só quero partilhar algumas coisas que podem ir na cabeça de um carpinteiro em trabalho.

Nesta fase do trabalho afina-se o timbre do instrumento ao encontrar um compromisso entre paredes finas para a vibração mas com resistência suficiente. Digo eu.

Bom, chegou a hora de colar o tampo. A lixagem ainda não é definitiva mas há-de ser continuada.
Antes de colar o tampo colei uma etiqueta com Rodrigo Viterbo Vasiliko 10/10. Para mais tarde recordar...

Está na hora de nos despedirmos do interior do instrumento porque ele vai ser fechado. Mais meia dúzia de ajustes e colámos o tampo, apertado com câmara de ar, uma boa ideia para importar para os didgeridoos...
Estávamos a chegar ao fim da manhã e os nossos amigos turcos lá ganharam coragem para arranhar um desabafo em inglês com a mentora: We are bored! Queriam saber onde podiam ir sair à noite em Kiato.

Mais uma vez saí da oficina e esqueci-me de almoçar porque continuei a trabalhar no didgeridoo de papel que tinha começado.

E lá chegou a tão desejada aula de grego. Começou bem, eu a sentir-me todo vaidoso porque já sabia algumas letras e algumas palavras e até já tinha estado a descodificar o alfabeto, vejam lá. Passado um bocado já estava todo baralhado, isto é complicado... Aprendemos o alfabeto e algumas expressões básicas do tipo: quanto custa, onde fica o comboio e etc. No fim a professora deu-nos algumas sugestões de sítios a visitar por aqui e acabou a aula.
Durante a aula tive de fazer traduções entre inglês e francês, associar sons gregos e ingleses a portugueses e ainda espaço para ouvir palavras em turco. No fim da aula a Emilie fez-me um pergunta e eu não percebi nada, tinha a cabeça feita em água.

Fui lavar a casa de banho (isto de se lavar a casa de banho é bom porque somos os primeiros a tomar banho num chuveiro limpinho), tomei banho, peguei no didgeridoo e fui para o miradouro tocar.
Ao fim de uma hora a partir pedra apareceu-me do nada uma técnica nova que merece ser explorada. Parece que afinal valeu a pena ver-me grego. Agora sim vale a pena utilizar o trocadilho.
Tenho feito estas sessões de prática com o didgeridoo em que vou para o miradouro com a máquina fotográfica e tenho-a ali à mão, quando sai algum ritmo ou frase interessante ligo-a em modo de video e volto a tocar. Depois venho para casa, extraio o som do video e vou construindo uma biblioteca de sons que merecem ser trabalhados.

Alguns dos rapazes foram até Kiato, talvez curtir a noite, perguntaram-me se eu queria ir. Não obrigado, além de não ter dinheiro para gastar tenho imenso trabalho para fazer por casa.

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