domingo, 24 de outubro de 2010

dia 18 - 23 de Outubro - Atenas !!! parte 1

Este fim de semana fui visitar Atenas! Meteora começa a parecer-se com um sonho distante que não devo poder realizar por isso fui visitar a capital. Tinha de o fazer antes de ir embora! Que experiência que foi!

Se eu já achava o trânsito caótico aqui por Kiato e Xylokastro em Atenas passei-me!
Tinha a indicação de uma zona engraçada chamada Monastirakis que tinha uma éspecie de mercado de rua com coisas de todo o mundo. Grécia antiga na Acrópolis, mercado em Monastirakis e conhecer mais um músico de didgeridoo e a minha visita a Atenas já tinha programa.

Ao saír do Metro em Monastirakis estava numa rua só de casas de ferramentas. A tentação foi grande mas aguentei-me. Percebi que não estava onde era suposto mas em vez de perguntar comecei a vaguear pelas ruas até que dei com uma casa brutal!!! À porta tinham a maior quantidade de tralha indiferenciada que alguma vez vi, esqueçam lojas de usados, lojas de chineses, esqueçam tudo que viram até agora. Não sei descrever a casa, não havia expositores, o amontoado de tralha fazia de expositor! Tenho pelo menos 15 fotografias de lá por isso criei um slideshow para quem quiser ver, vale mesmo a pena, eu já achava que a viagem tinha sido ganha com aquela loja. Trabalhavam lá 4 ou 5 empregados brutos com as pessoas que faziam os preços consoante o produto e aspecto da pessoa e se o cliente queria mesmo o produto, percebi isso quando perguntei o preço de uma flauta e ele olhou para mim, hesitou e disparou 15 euros. A flauta ficou lá mas eu adorei aquele espaço, só me apetecia comprar porcarias, faz falta uma daquelas aos cenógrafos de Portugal!



Saí da loja e continuei a vaguear pelo caos e pelo cheiro intenso a poluíção.
Numa rua mais fina comprei um pão doce com sésamo por cima, bem bom. Rapidamente percebi que comer por Atenas ia ser um problema por causa dos preços...
Mais à frente ia um senhor a empurrar um realejo e a cantar. A cantar? Quando ouvi a voz pensei que era uma velhinha esganiçada. O realejo era uma miséria tocava uma nota a cada duas rotações da manivela, já estava todo destrambelhado e o velhote sofria a empurrar aquilo rua acima. Perguntei se podia tirar uma fotografia, ele disse que sim mas que pagasse, o típico por aqui. Tirei a foto, fui à carteira e tirei umas moedas que tinha, peço desculpa mas 2 euros em Atenas são ouro, guardei-os para mim. Pus as moedas na tacinha do realejo e o homem muito ofendido e chateado chamou-me para me devolver as moedas pretas e a reclamar comigo em algo que devia ser: isto é dinheiro que se dê?!?! Eu respondi-lhe em português que era dinheiro mas para não o ofender mais guardei o dinheiro!

Continuei a vaguear pelas ruas, vi uma placa que dizia Museu de Arte Popular ou algo assim e procurei o dito, andei por ali meio às voltas e quando dei com o museu estava fechado. Continuei a vaguear até que vi um Peugeot antigo com uma pintura estranha, tirei uma foto ao carro e um senhor começou a conversar comigo e aqui aconteceu-me uma história completamente louca!
Perguntou-me se gostava do carro, perguntei-lhe onde ficava a dita Monastirakis e ele põe-me o braço atrás das costas e encaminha-me para a rua de onde eu vinha, "eu vou explicar-lhe, é por ali até ao fundo e depois à direita, mas venha beber uma cerveja no meu café, é um café muito bom, vocês vai gostar". O totó do Rodrigo não conseguiu dizer que não, ah ok bebo um café. Entro e estão 3 mulheres numa mesa e mais ninguém no bar. Uma levanta-se e vai arranjar o café para este senhor tão simpático de Portugal. Entretanto fui à casa de banho e aqui comecei a perceber que algo estava mal. O aspecto daquela cave fez-me logo lembrar o filme Hostel, para quem já viu sabe o que senti. Tinha percebido que algo estava mal mas não sabia exactamente o quê. Sento-me ao balcão à espera do café e levanta-se um mulherão da mesa e vem sentar-se ao meu lado. Loira, olhos azuis, um corpo tremendo e começa a falar comigo num inglês muito bom e muito interessada em mim, de onde és,como te chamas, gostas de Atenas, não tens frio (eu estava de t-shirt), etc etc. Aqui eu percebi onde me tinha metido. Pensei esperar pelo café e depois dizer que não obrigado e seguir viagem. Estava nisto quando o café aterra no balcão e eu pergunto o preço: 5 euros!!!! What? Aqui passei-me e desculpem lá mas não continuo na brincadeira, paguei o café, dei 2 golos e vim-me embora! Eu meto-me em cada uma!

Meio revoltado com a cena resolvi continuar a andar para desnuviar. Estive noutra loja que vendia tralhas mas esta era mais fina, o que me chamou a atenção foram as marionetas de sombras. Vê-se muitas por aqui. Instrumentos também é uma fartura para se compra, haja dinheiro que por aqui vende-se tudo.

Vi umas ruínas e fui ver se podia visitar, queriam 2 euros e eu não achei que estas merecessem a pena, o dinheiro voa nesta cidade. Continuei a divagar. Se mais alguém me vem tentar vender alguma coisa eu espanco-o! Pensava eu...
ACROPOLIS. Dei com a entrada. 12 euros. É caro mas tanto vi isto nos meus livros e sempre tive curiosidade, eu sei lá quando é que cá volto, ok eu vou visitar.

Lá andei a ver aquilo tudo e realmente é bonito e majestoso mas ainda há imenso trabalho a fazer para pôr aqueles calhaus todos no sítio... Informação não faltava mas se me punha a ler tudo não via nada, decidi andar por ali a imaginar como se vivia tudo aquilo naquela época. O cheiro que há no ar, de uma árvore que não consegui ideintificar, é uma maravilha, a vista é tremenda, realmente inspira a filosofar!!
Lá fiz as fotografias típicas, até para partilhar com quem não pode cá vir, esta experiência que estou a viver é realmente um previlégio.
Saí da Acrópole e continuei a vaguear pelas ruas.

Tinha combinado encontrar-me com um músico de didgeridoo que conheci em procuras na net que me tinha dito que podia ficar em casa dele, mas por esta altura já estava a considerar ir-me embora. Já só via gente a tentar vender-me coisas na rua, apetecia-me sentar num café e comer algo típico mas não tinha dinheiro para isso.
Estava nisto quando vi uma loja de souvenirs e instrumentos musicais. Entrei para ver os Bouzoukis e os Baglamas (alguns mais mal acabadinhos que o meu!!!). Lá veio o dono da loja todo simpático tentar vender-me alguma coisa. 
- Eu agradeci imenso a ajuda dele e disse que não tinha dinheiro mas que gostava de ver os instrumentos por curiosidade.
- Por ser assim tão honesto, este Baglamas que custa 110 euros fica-lhe por 70 euros.
- Muito obrigado ainda assim mas nem sequer toco, é só por curiosidade!
- Se se interessa por instrumentos há um museu de etno-musicologia duas ruas abaixo.
PLIM! Eu tinha acabado o sinal que me dizia o que fazer na hesitação fico ou vou!
Como o senhor me tinha dado algo muito bom quis mostrar-lhe o didgeridoo, que ele conhecia porque tinha estado na Austrália e a empregada que era da Roménia falou-me de um parecido tradicional que eles também usam!

Saí da loja com um sorriso na cara e segui viagem.
Fui ver os horários do museu para confirmar se estaria aberto no dia seguinte.

E continuei a vaguear.
Nova experiência! Remember Athens é o nome da loja que me chamou logo a atenção porque, em vez de ter capacetes de espartanos, vasos e sandálias tinha manequins todos escavacados, roupa muito maluca e tudo o que se pode imaginar para se chamar à atenção. Ainda tinha fotografias de vários artistas conhecidos que tinham estado na loja. Tinha de entrar.
A loja tinha imensa pinta, uma confusão bestial de estilos mas ao menos dava para arejar do resto que havia nas ruas: souvenirs, souvenirs e souvenirs. O empregado esteve a mostrar-me o que tinham e a fazer imensas perguntas e dar imensos esclarecimentos sobre a loja que já existe há 30 anos, têm uma mesa so para fotografias (MUITAS!) de pessoas que lá estiveram: Nick Cave, Scorpions, Eva Herzigova, etc etc etc. Também mostrei o didgeridoo nesta. O dono da loja quis que eu tirasse lá uma fotografia com o didgeridoo e lá entrei eu para o catálogo de visitantes famosos ou artistas da Remember Athens.
E continuei a vaguear...
Tinha a missão de procurar flautas aqui pela Grécia e lá dei com duas lojas que vendiam instrumentos comum mínimo de qualidade. Estive a testar umas flautas que não conhecia e disse que talvez passasse no dia seguinte a comprar uma.
Depois lá dei com a Monastiraki que eu procurava mas as casas já estavam todas a fechar.
Liguei para o Joseph a perguntar se sempre podia lá ficar e se me podia vir buscar.

Lá fomos até casa dele, logo à saída de Atenas, longe dali que a cidade é grande, mesmo grande!
O dia já tinha sido grande mas ainda houve espaço para estar a falar sobre didgeridoo de forma intensiva, a tentar que ele me compreendesse que o inglês dele não era o melhor. Achei especial graça a uma coisa que ele disse que os gregos de hoje em dia não são os mesmos da Grécia Antiga, que aquilo foi outra civilização diferentes, it was a UFO you know! Compreendo bem o que ele sente.
Fomos até casa dele buscar a namorada e sair com uns amigos dele. E finalmente tive a minha lição de grego realmente importante. Aquilo que eu gosto de aprender em cada língua e que faço questão de ensinar aos entrangeiros em português - os belos dos palavrões. E aprendi gestos e tudo!

Ainda deu para ouvir esta pérola: ao falar do SVE a uma rapariga...
ela: ai que interessante e que sorte!
eu: também podes fazer.
ela: não que o meu namorado não me deixa.
eu: olha, a minha deixou!
Não consegui arranjar resposta melhor para tal barbaridade!

Chegámos a casa e ainda estive a dar-lhe um workshop e por volta das 3h30 pedi misericórdia que precisava de dormir!
Que dia...

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