quinta-feira, 28 de outubro de 2010

dia 23 -28 de Outubro - cravelhas, cordas e finito!!!

Hoje acabei o Baglamas!

O 28 de Outubro é feriado nacional na Grécia, chama-se o dia do NÃO. Mussolini queria ocupar alguns locais estratégicos em terras gregas e o General Ioannis, Metaxas disse Não. Mussolini atacou a Grécia e levaram uma tareia, vinham convencidos que iam ganhar por ter um exército 5 vezes maior, mas o Inverno desse chegou a ter temperatura de 20 graus negativos e os italianos não aguentaram a bronca.  Este dia, o Dia do Não, é celebrado por toda a Grécia com paradas organizadas nas cidades.
A Ageliki começou o dia por dizer que devia ser a única grega a trabalhar... Mas que para ajudar os voluntários lá tinha vindo. Pelos visto não houve grandes paradas por causa da chuva.

Em termos de trabaho foi um daqueles dias dedicado a pormenores.

Comecei a manhã com a colocação das cravelhas. Os furos que as ias receber estavam com um pouco de verniz, perguntei à Ageliki se podia dar-lhes um acabamento antes e ela disse que não.A verdade é que as cravelhas não estão a funcionar em pleno por isso, as adiante.



Depois de colocar as cravelhas estive a aplicar a peça que segura as cordas.

Os furos para os parafusos não deviam ter sido tão profundos mas a física diz-nos que a peça fica bem segura pelo alinhamento das forças, e eu vou confiar....

A peça que está pousada na mesa é a que vai cobrir as partes enroladas das cordas ao encaixar na que já está aplicada.






A seguir estive a aplicar as cordas com a ajuda do Muhammed. Um trabalho um pouco chato e complicado.... Enquanto um segura na argola que fixa a corda e a levanta para estar em tenção o outro usa uma ferramenta que é uma manivela para enrolar a corda mais rapidamente.

Depois estive a ajudá-lo a pôr as cordas dele.




Depois veio o trabalho de precisão!
As cordas precisam de ser guiadas ao longo do braço do instrumento, começando pela testa. Marca-se aquela pecinha de madeira, que já tinha estado a fazer noutro dia, como os sítios onde se vão fazer os rasgos para passar as cordas. Neste trabalho mais ou menos um milímetro faz muita diferença...

Ainda perguntei à Ageliki se podia fazer esta peça em osso como se vê em muitos instrumentos, até porque está lá um pedaço de osso na oficina, mas ela disse que não, tive pena...

É importante marcar tudo para se saber exactamente onde e até onde cortar.






 Aqui estão elas, de cima para baixo na fotografia (da mais aguda para a mais grave):
Ré Ré
Lá Lá
Ré Fá
Guiadas que estão as cordas na entrada do braço, é altura de ajustar o cavalete. Este deu mais trabalho...

Com esta peça afinamos a atura das cordas e a a orientação delas à saída do braço, para manter a distância entre elas. 



 Esta foi a pela que menos satisfeito me deixou em todo o instrumento porque ficou com uma grande assimetria, embora seja meramente estético.

 Ambas as pecinhas de madeira aplicadas hoje não foram envernizadas mas sim tratadas com óleo de limão. Não conhecia este óleo mas dá um acabamento muito bom à madeira e também dá para tratar todo o resto do instrumento, desengordura e dá um aspecto bonito ao verniz.







Um pormenor das cravelhas.
E aqui está o meu Baglamas!
Não me canso de salientar o quão grato estou por ter tido esta oportunidade, por todas as experiências que me proporcionou e por tudo o que aprendi, e estou ansioso por aplicar nos didgeridoos!

Também acho importante repetir o quão importantes estes programas são para todos aqueles que os podem fazer, são excelentes laboratórios de cidadania conforme se pode constatar pela leitura deste blogue. Conhecer outras culturas, países e pessoas é sempre bom, ensina-nos mais sobre nós próprios. Chego a pensar que devia ser obrigatório passar por um experiência deste género à saída do 12º ano. E o que digo não é assim tão fora do senso comum porque falta gente nestes projectos!

Entretanto já estive a tentar afinar o instrumento mas não está fácil porque os materiais precisam de se adaptar à tensão das cordas. Também tem a ver com uma série de pequenos erros acumulados, mas eu hei-de fazer outro cordofone em breve...

Ontem, depois de ver um video sobre o trainning do Odin Teatre em que falavam sobre correr fiquei com vontade de voltar a correr e assim fiz de tarde. Saí de casa todo inspirado em ir até ao teatro e voltar mas ao chegar lá tive a sensação que os meus pulmões estavam a virar do avesso como se faz com as camisolas para pôr na máquina de lavar roupa e, para baixo, vim a andar, tendo ainda roubado duas tangerinas das árvores do museu. Estou um pouco em baixo de forma, tenho de aproveitar os próximos dias para dar mais umas corridas..

Despeço-me com a imagem mais antiga que se conhece destes instrumentos, que referi no post de ontem.

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