dia 4 - 9 de Outubro - INTERCULTURALIDADE e aprendizagem

O actor americao está sentado numa mesa e pede à empregada mais café, ela não lhe responde, ele insiste, ela continua a ignorá-lo, ele diz Bitch e nas legendas aparece a palavra Kaltak. Ainda o Dean não se matou a ele próprio no seu pesadelo e já aprendi uma palavra em turco!

Existe uma palavra complicadíssima mas que vale a pena aprender: INTERCULTURALIDADE.
Eu, que não vejo filmes de terror, no meio de 4 turcos a ver o Pesadelo em Elm Street 2010 com as legendas em turco, numa casa na Grécia.

Ontem, depois de escrever o meu post resolvi reunir a malta e explicar que, se vamos viver todos juntos 1 mês, ao menos que a todos façamos um esforço por comunicar entre nós, aprender um bocado uns com os outros, com as culturas de cada um, ou pelo menos que cada um lave o chão da casa de banho quando sai do banho porque um chuveiro para 6 não é fácil. Os turcos perceberam e lá fizeram um esforço por comunicar mais connosco, um sinal disso foi quando, enquanto eu estava a ver um filme com legendas em grego, ligaram o computador e me perguntaram se queria ver um filme.

Diz a minha mãe às sextas: "amanhã vou dormir até acordar". Foi o que eu fiz hoje...

Quando acordei e vi bom tempo decidi ir até Kiato a pé para não gastar dinheiro em táxi, como são só 4km e é a descer não dói muito. A Emilie também tinha decidido ir, esperei que ela acabasse de se arranjar e lá fomos.

As estradas gregas, pelo menos do que vi até agora, são um perigo: sem passeios, quando há passeios têm árvores, buracos ou uns desníveis incríveis no meio, os carros conduzem sempre rápido e no meio da estrada e a cortar curvas, entre outras... Não admira que estejam cheias destas capelinhas em que se vê uma foto, uma imagem de um santo e uma garrafa de água (numa cheguei a ver uma garrafa de cerveja...).

Chegando a Kiato fomos até à Sta Catarina ou Augusta da zona e tivemos a sensação de estar noutro planeta: carros, pessoas jovens (em Kiato finalmente já se viam algumas mulheres mais bonitas, a diferença etária também ajuda, eheheeh), malta a vender DVDs e CDs pirateados, algum ruído, enfim parecia que estávamos na merópole em comparação a Vassiliko, ehehe.

O mais engraçado foi ser tratado como um turista: fui à procura de postais e fizeram-me o favor de os ir buscar ao armazém porque já não estávamos na época! Depois fui escrever para uma esplanada, lá consegui pedir um café mais ou menos decente e cobraram-me 2€50!

Entretanto a Emilie quis is ver lojas, combinámos um horário para nos encontrarmos na estação de autocarros e separámo-nos.

O meu horário aqui vai ser das 8h às 12h, pensei: vou comprar cola branca, um pincel e fita de papel e vou por-me a fazer didgeridoos com rolos de papel higiénico. Lá fui comprar estes artigos (não sei como não me lembrei de os trazer comigo para não gastar dinheiro aqui, só eu) e depois fui passear um bocado. Fui ver se a igreja dava para visitar mas como não fui até à praia onde fiz uma fotografia que é um verdadeiro postal da minha viagem num cruzeiro às ilhas gregas paradisíacas:

Molhei os pés na água (eu sabia que devia ter posto o fato de banho na mochila!) e segui viagem.

O azul desta água é apaixonante, perco-me a olhar para elas, chega a dar-me vertigens e vontade de cair nelas...

Fui até um pontão ali perto e estive a assistir a uns velhotes a pescar à linha, estavam a pescar uns peixinhos pequeninos que já tinha visto outros velhotes a comer na esplanada, tipo umas sardinhinhas fritas, aquilo tem bom aspecto, tenho de experimentar.

Estive ali um pouco ao lado deles, aquilo realmente relaxa, o som das ondas no pontão, o sol, a companhia dos peixinhos que não estavam a morder muito, uns barquitos à vela ali perto, enfim, um stress complicado de aguentar.

Ia eu pensando para mim: jovem, se tens menos de 30 anos, estás desempregado ou não tens dinheiro, vem viajar!
Realmente estou a ser um privilegiado, mas a verdade é que não custa nada, não deixem passar uma oportunidade destas...

Depois pus-me a andar pela marginal com a ideia de ir até Xylokastro, a cidade mais próxima, mas quando me disseram que estava a deca tessera kilhometra e eu percebi que eram 14 km resolvi voltar para trás para ir para a estação do autocarro.
Depois de algumas peripécias lá conseguimos contactar o motorista de táxi que é amigo do presidente da associação e que não abusa de nós porque tem um preço combinado (somos tão parecidos com os gregos, ehehehehe). Na viagem estive-lhe a falar de Portugal e da Grécia e do Euro 2004 e no fim tivemos um desconto e troca de emails para adicionar no Facebook, que maravilha!!!

Hoje fiquei espantado com a quantidade de palavras portuguesas que encontram semelhanças com as gregas e estou cada vez mais ansioso por começar com as aulas de grego. Depois de decifrar os sons das letras deste alfabeto as duas línguas ficam muito parecidas.

Entretanto deixo-vos o blogue que outros dois voluntário que conheci antes de vir estão a fazer acerca do projecto deles na Macedónia: http://miguelgnunes.wordpress.com/

Estou a gostar disto...