sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Histórias da casa

Desde que aqui cheguei que já ouvi algumas histórias de outros grupos que estiveram nesta casa, e não só, que acho que vale a pena partilhar.

Niko, the doctor of Sweden!
O presidente da Orfeas tem dois irmãos. O mais velho sempre disse que queria ser médico e ir para a Suécia. Dizia isso quando estava na primária, dizia isso no liceu, dizia isso na faculdade, dizia isso depois de ter começado a trabalhar como médico aqui na Grécia, dizia isso quando se casou, dizia isso depois de nascer o primeiro filho, já ninguém lhe ligava.
Um dia acordou de manhã, ligou ao irmão, meteram-se no carro e foram directos para a Suécia. Enquanto seguiam viagem as mulheres foram à Internet procurar contactos para arranjar uma casa, quando eles lá chegaran instalaram-se no local combinado e elas depois foram lá ter de avião com o bebé.
Ai eu gostava tanto de.. Um dia faço não sei o quê... O pior é que tenho isto e aquilo...

O título Niko, the doctor of Sweden foi tirado de uma frase da Ageliki a contar outra história.
Quando o Niko, the doctor of Sweden estava a estudar na faculdade também estava a trabalhar numa loja de instrumentos musicais com um amigo que estava a estudar matemática. Entretanto o dono da loja mandou-os embora porque eles estavam a tornar-se bons demais naquilo - eu não digo que gregos e portugueses são parecidos?
O colega dele mudou-se para Atenas e abriu uma oficina e loja de instrumentos musicais.
O Niko montou uma oficina por baixo de casa dos pais e começou a fazer instrumentos com o irmão Efthimios, agora presidente da Orfeas. Entretanto o pai deles, o Sr. Kostas, também ia aprendendo como construir os instrumentos . Depois o Niko mudou-se para a Suécia e o Efthimios precisava de ajuda para continuar com os instrumentos. Uma organização pertencente à Câmara daqui da zona enviou alguns voluntários para trabalharem com ele mas não lhes davam o dinheiro para a comida e etc porque o responsável estava... a construir um hotel!!! Maravilhoso, mais uma parecença!
Bom, entretanto criaram a Orfeas e depois de mais umas peripécias começaram a receber também voluntários, como eu!

O Sueco
Ouvi a história em duas versões diferentes por assim aqui vai um apanhado do que era comum.
Num dos grupos anteriores que estão na cidade havia um sueco e mais turcos. Numa noite de muito álcool o sueco achou que os turcos estavam a falar e a rir-se deles e agarrou num machado (eles trabalham num bosquezinho) e desatou a correr atrás dos turcos, atravessaram meia cidade nisto. Depois não sei muito bem que voltas a história deu mas ele entrou por um prédio a bater às portas todas, ao chegar lá em cima encontrou uma porta aberta, entrou e foi para a varanda gritar.
Chamaram a polícia e a polícia chamou o Efthimios - o presidente da Orfeas - para o tirar de lá que estavam com medo (os polícias) e ele o convenceu a descer.
No dia a seguir estava num avião a caminho da Suécia...

Os mortos
Em conversa com a Ageliki, sobre a quantidade de água que há aqui no inverno, fiquei a saber que antigamente quando enterravam os mortos nesta zona tinham de pôr pedras no caixão porque, por causa da muita água no solo, os caixões flutuavam.
Depois houve um grande tremor de terra e deixaram de fazer isso.

Desperdício de água
Se há coisa que me põe maluco é o desperdício, especialmente o de água, que ainda por cima é tão frequente e tão fácil de ver e resolver.
Aqui em casa, entre os turcos há uma organização na qual um fala inglês e faz a gestão logística das compras e das relações entre eles (parece-me que é visto um pouco como irmão mais velho que põe ordem nas coisas), um que cozinha e dois que lavam a louça. É mais ou menos assim.
Os que lavam a louça conseguem passar 15 minutos com a torneira aberta no máximo a lavar a louça, talher a talher. Como se não bastasse o desperdício, o som da torneira é super irritante.
Que fazer? Como se explicar a alguém que não nos entende, mesmo linguagem gestual não é fácil, que pode lavar a louça de outra forma, especialmente sem que ele fique ofendido connosco.
Pensei em mostrar videos, em escrever no google translator e outras soluções, aquele desperdício é que eu não podia fazer de conta que não via.
Falei com o tradutor de serviço e comecei por perguntar se falavam de ecologia na Turquia (....) que em Portugal há zonas onde a água é racionada, que aqui não pagamos água e que sempre que abrimos a torneira ela sai por isso não lhe vemos o fim mas que para lavar a louça não era preciso te a água sempre a correr, até mostrei como eu faço, e se ele podia dizer aos outros rapazes que não era uma crítica nem ofensa mas que eu achava que eles gastavam imensa água.
Estava eu a ver no que isto ia dar e ele diz-me que sim senhor porque na religião deles o desperdício é pecado! Ora ouve-se muita coisa sobre os muçulmanos mas uma religião que diz que desperdiçar água e comida é pecado conseguiu ganhar o meu respeito.
Não sei se ele disse ou não mas as coisas continuam na mesma...

As folhas de videira
A primeira foi na aula de culinária que tivemos. Ao que parece os gregos têm um prato que utiliza folhas de videira, já não sei bem se é mesmo para comer mas as folhas são utilizadas de forma gastronómica.

Num dos grupos anteriores houve uma aula de culinária que envolvia estas folhas e, no fim, quando sobraram guardaram-nas no frigorífico. Entretanto foram embora e deixaram-nas lá.
Numa das aulas de culinária do grupo seguinte a mentora preparava-se para utilizar as folhas e quando perguntou ao grupo onde estavam eles disseram que já não as tinham porque achavam que era tipo marijuana que os voluntários tinham guardado no frigorífico e fumaram-nas!!!

Eu sei que não faz lógica nenhuma mas achei delicioso!

Não são permitidos gregos na casa
Umas das regras que nos foi dita era de que não podíamos ter visitas de gregos na casa, especialmente daqui da aldeia. A razão que nos foi dita na altura é que num dos grupos anteriores só de raparigas havia um velhote que vinha para aqui pedir para uma delas se casar com ele e oferecer doces.
Eu desconfiei mas como não estou a contar trazer para aqui ninguém não quis aprofundar o assunto.

Hoje, a propósito de 3 voluntários terem passado a manhã a dormir, a Ageliki explicou-nos que uma das razões é que num dos grupos anteriores uma rapariga trouxe para cá um rapaz e, ao que os outros vountários disseram, passaram a noite toda a fazer sexo e a rapariga a gritar e ninguém conseguiu dormir!!!

Não são permitidos gregos na casa (a continuação)
Num grupo seguinte, depois da proibição de trazer gregos para dentro de casa, uma voluntária foi para a oficina fazer sexo!!!
É preciso estar mesmo cheio de vontade para ir para o meio de serrim, aparas de madeira e formões!!

Bom, ao que parece a actividade aqui é muita. Mas bem que me passa ao lado, ainda agora fui passear e nas ruas SÓ se vê homens, dos 8 aos 80 mas quase exclusivamente homens!

1 comentário:

  1. LOL

    acho que minha história preferida é a de fumar folhas de videira :-))

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