quarta-feira, 27 de outubro de 2010

dia 22 - 27 de Outubro - 5a e última demão de verniz

Hoje de manhã lixei mais uma vez e voltei a envernizar. Entretanto o resto da malta também avançou nos seus instrumentos, um deles tinha uma rachadela de quando estava a ser trabalhado e a Ageliki disfarçou-a com o pirogravador.
Ao fim da manhã tivemos a primeira aula teórica sobre Baglamas.

Da família das Tabura (tenho de confirmar esta palavra), foi encontrada uma estátua de uma mulher a tocar estes instrumentos de 400a.C. Na altura o instrumento chamava-se Panduriz (transcrição fonética da palavra) e era tocado por mulheres, entretanto o nome sofreu várias mutações.

O nome Baglamas e a forma que usa hoje em dia veio com os gregos que estavam na Turquia na década de 1920. Nesta altura surge a Rabética ou Rabético, um estilo de música com Bouzouki e Baglamas. Este estilo era utilizado por pobres e criminosos e as canções falavam sobre álcool, drogas, crimes e às vezes amor.
Por ser pequeno era fácil de levar e muito utilizado em prisões. O Rabético foi proíbido até antes da 2ªa Grande Guerra.

Existem 3 tipos de Baglamas - pequeno, médio e grande - e 2 formas de construção - a partir de um bloco maciço e através de aduelas (Kalupi).
- A partir de um bloco maciço consegue-se um melhor som e podem usar-se madeiras duras como Nogueira, Maple ou Bordo, Amoreira mas também Tília.
- Na construção a partir de aduelas tem de se usar madeiras macias por causa da elasticidade e moldabilidade da madeira, a mais usada é a Tília. Deixa-se a madeira em água 2 a 3 dias e, com o calor, dá-se forma a cada peça que se aplica num molde.

No nosso caso estamos a utilizar a construção a partir de um bloco de madeira maciço por ser mais rápido e fácil de trabalhar. O bloco onde esculpimos o instrumento é feito colando várias madeiras que são reaproveitadas. As linhas que se vêm na foto servem de guia ao Sr Kosta quando dá uma forma tosca a estes blocos.

Madeiras habitualmente utilizadas:
- Braço: Tília ou madeiras duras (preferencialmente)
- Tampo: Abeto ou madeiras brancas (quanto mais próximas estiverem os veios da madeira melhor)
- Tastiera: Ébano (habitualmente não se enverniza, aplica-se óleo)
- Cavalete exterior: Ébano ou Tília
- Cavelete interior: Tília ou a mesma madeira do tampo
- Trastos: aço ou alumínio (estes também existem com várias alturas que variam consoante o tamanho do Baglamas)
- Ponte (pecinha pequena que faz a passagem das cordas do braço à testa): Ébano ou Tília

A madeira tem de estar sempre bem seca e os construtores preferem não comprar madeira de estufa mas encontrar a madeira e guarda-la durante 2  a 3 anos para secar, assim ela mantém alguma humidade que é importante para trabalhar, especialmente na construção por aduelas.

Estas informações foram-nos dadas pela Ageliki, a nossa mentora.






Ao almoço tivemos Cooking Lesson com bacalhau, puré e legumes e uma tarte de laranja muito boa.

A seguir ao almoço aula de grego mas como eu era o único aluno, outra vez, pedi à professora para me mostrar uns estilos musicais das várias regiões gregas.

E estive a ensaiar e a trabalhar nos didgeridoos de papel.

A minha estadia por aqui vai-se aproximando do fim.

Sem comentários:

Enviar um comentário