sexta-feira, 5 de novembro de 2010

dia 31 - 4 de Novembro - greek style

Hoje não tenho imagens para este post e duvido que alguém vá perceber alguma coisa mas se chegarem ao fim vão sentir-se como me sinto a estas horas: passar por tudo sem perceber nada e chegar a bom porto...

Os planos para o dia de hoje eram: acordar de manhã, fazer algumas arrumações, preparar algumas coisas para o concerto da noite e depois do concerto voltar para casa para saír no dia seguinte porque nesse dia chegavam os voluntários novos.

Pois, mas isto aqui não é como se combina, é greek style!

Ok, acordei de manhã e estive a preparar umas coisas para o concerto, alguma típica procrastinação fez com que deixasse alguma arrumação para mais tarde.
À hora do almoço entra-me a Ageliki, a irmã e o Sr Kostas pela casa a dizer que tinha de sair hoje e desataram a fazer camas e arrumações.
Já me tinham dito que tinha de sair a dia 5, hoje que tinha de sair hoje, depois ao telefone com o escritório podia ficar, desligo o telefone e a seguir ligam e a Ageliki já me disse que o Efthimios me vinha buscar a seguir ao concerto, às 22h e que dormia em Xylokastro, ao fim da tarde ele disse que tinha de ser às 21h30, eu disse que tinha concerto, depois disse que eu podia ficar que o Sr Kostas me levava amanhã às 8h30, no fim do concerto tinha uma sms a dizer que afinal era às 8h.
Vamos a votos, quem acha que isto fica por aqui e quem acha que ainda vai dar umas quantas voltas? E  nãoi me lembro de todas as voltas que isto deu entretanto....

Bom, com 3 pessoas a lavar, aspirar, fazer camas, etc, arrumei as minhas tralhas encostei a um canto e fui de taxi para Kiato.

Programa: ir buscar as lentes novas para os óculos e concerto.

No dia anterior recebo um mail do dono da escola de música a dizer que tinha baixado os preços porque se não o tivesse feito ninguém vinha... Achei mal mas como as voltas que este concerto deu foram quase tantas quantas as da casa preferi não trocar mais mails nem mensagens, quando lá chegasse falava com ele.

Aqui pela grécia não se trabalha depois do almoço até às 17h, estive a beber um café numa cidade deserta. Fui à óptica deixar os óculos e fui dar uma volta para fazer tempo. Estive numa zona onde ainda não tinha estado, um portozinho que há em Kiato e, mais uma vez, perdi-me com o azul e transparência da água. Olhando para aquela água tive de saír dali porque estava a sentir uma vertigem imensa, uma vontade de me atirar à água! Tentei fazer este video mas não mostra nem um pouco do azul da água, que maravilha, parecia uma piscina! Mesmo no fim do paredão, que devia ter uns valentes metros de profundidade, se conseguia ver o fundo da água!
Bom, voltei à óptica, pus as lentes e fui levá-las ao oftalmologista para confirmar. Ele voltou a falar no José Mourinho e no Fernando Couto, por causa do meu nome, disse que sim senhor que os óculos estavam bem e um aperto de mão.

Na rua estava-se a pôr animação! Vim a perceber que na rua onde eu ia tocar ia haver um comício com powerpoint/datashow, microfone/púlpito/colunas e palco! Tendo em conta que o edifício é antigo e não isola som nenhum fui até à escola dizer que se aquilo continuasse assim não ia haver condições para o concerto, ao chegar à escola, mesmo à porta, estava dois fabulosos peruanos com sound system (e eu a pensar que só em Portugal, ohhh) a tocar flautas e shékéré e a vender bugigangas. Uma animação.

Bom, já convencido que além do barulho não ia haver gente para o concerto, nem vou contar a forma como foi divulgado e promovido, e começa a chegar gente. Uma senhora mais o filho foram os primeiros, quando souberam que não ia haver concerto por falta de condições, ela diz logo que ia enchotar os peruanos e o puto faz uma cara super triste. Pronto, derreti-me todo e disse que fazia uma demonstração e que no sábado ia tocar num sítio aqui perto que podiam ir que fazia o mesmo preço que ali.
Chegaram mais umas pessoas e lá estive a tocar, a explicar sobre o didgeridoo com tradução para grego, entretanto chegaram mais duas pessoas, penso que ao todo foram 10 pessoas mais um cão, um grupo pequeno mas que gostou muito do concerto.

Aquilo que ia ser só uma demonstração acabou por ser um concerto de quase hora e meia, mas em versão completamente fora do alinhamento previsto. Nalguns temas o dono da escola tocou guitarra, mostrei uns videos e umas fotos e estivemos por ali. Ainda compararam o som do didgeridoo a Jean Michel Jarre, não é um insulto, uma senhora que apareceu a meio vinha cheia de vontade de mostrar a toda a gente que tinha andado a pesquisar na Net e sabias umas coisas sobre didgeridoo.
No fim depois de terem ido todos embora ficou uma professora, e os dois donos da escola a fazer perguntas, ela a perguntar porque não tinha sido divulgado, etc etc. Esta professora ainda me disse que por eu ter uma mente muito forte e uma alma muito grande e sensível gostava de me mostrar uma colecção de instrumentos que tem em casa mas agora já não vai dar. Ainda estive a improvisar mais um pouco com a guitarra e depois vim para casa.
No fim de contas foi uma trapalhada grande com pagamentos e ninguém pagou nada. Combinou-se que hoje não pagavam mas que no sábado iam ao preço de hoje, e acabei por tocar o concerto todo e ninguém pagou. O dono da escola deu-me 20 euros para compensar. Horários, eleições, barulhos, confusões: greek style!

Chego a casa e tenho a casa cheia de homens, um cachecol verde e branco do ASSE (padrinho, que clube é este?) em cima da televisão, a comida toda que tinha deixado pousada tinha desaparecido e eles já entretidíssimos a conhecer a casa. Cumprimentei-os, um turco, um sueco não nascido na Suécia, e 4 franceses. Estivemos a travar conhecimento, a perguntarem-me coisas, eu a dizer-lhes aquilo que gostava que me tivessem dito antes para poupar tempo e dinheiro, estive a ensinar o sueco a construir didgeridoos porque ele ficou logo filado nos didges, também me perguntou acerca de discotecas, mulheres e praias de nudismo, este vem com vontade....
À partida vão todos ao concerto no sábado, vou-lhes fazer um preço especial porque sei que isto de ser voluntário não é fácil. Estivemos por aqui na conversa até que alguém viu as horas e começaram a desertar.

Amanhã devo saír daqui às 8h, em Xylokastro não sei onde vou ficar durante o dia com um Baglamas, 3 didgeridoos, uma mala e uma mochila. Sei que posso ir para o hotel mas se calhar só contam comigo à noite. Se estiver bom tempo quero ir nadar, é um raro luxo nadar no mar descontraídamente em Novembro!

Já nem me preocupo muito, Greek Style!

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